Na época da sua estreia o filme dividiu a crítica: houve quem o detestasse, houve quem o amasse o bastante para transformá-lo num filme de culto. Apesar de contar com um ator notável (Denis Lavant, aqui muito novo!), pendo mais para o lado dos primeiros, que dos segundos: desde então Carax nunca me pareceu o génio, que anunciavam, quando, aos 24 anos, surgiu como luminoso cometa no cenário cinematográfico francês.
A cena inicial incomoda, e de que maneira, quem é sensível ao sofrimento infantil - e aqui fala o avô embevecido de duas pimpolhas! - porque a mulher ao volante com uma bebé de colo e a deixá-la sobre o capô do carro enquanto dá prioridade aos dissabores amorosos, mostra ao que Carax quer explorar: as tragédias inerentes aos desamores dos vários personagens.
Quase inteiramente passado à noite, e com a fotografia a preto-e-branco a acentuar o dramatismo dos que vemos divagarem pelo ecrã, «Boy Meets Girl» aparece totalmente indiferente ao contexto da época - viviam-se os primeiros anos do mitterrantismo ! - limitando-se a explorar os excessos dos que, por amor (ou falta dele!), não hesitam em matar ou suicidar-se.
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