sábado, julho 11, 2020

(NM) Quando o inesperado aparece ao virar da esquina


1. Na véspera do dia de Natal de 1968 a tripulação da Apollo 8 cumpriu a missão de, pela primeira vez, fazer uma nave espacial orbitar a Lua. Frank Borman, Jim Lovell e Bill Anders cumpriam mais um item da check list que, quando devidamente preenchida, justificaria a alunagem da Apollo 11 em junho do ano seguinte.
Ao regressarem do lado escondido da Lua não foi a superfície desta, 112 quilómetros abaixo, a focalizar-lhes a atenção, porque um corpo azul despontava na vigia da nave: a Terra começava a aparecer como se do Sol se tratasse quando o vemos nascer para  um novo dia. O Nascimento da Terra ou Earthrise, foi a fotografia captada por Anders e que integra a antologia das cem mais significativas algumas vez obtidas pela objetiva de um humano.
O astronauta confessaria depois que, apesar da sua pequenez, aquele oásis azul a quatrocentos mil quilómetros de distância, a demarcar-se magicamente da escuridão do universo, fê-lo valorizar ainda mais esse lar e apostar na defesa da sua preservação contra quem insiste em destrui-lo.
2. Nas grandes obras somos amiúde surpreendidos por pormenores, que nos dão conta de quão ricas e imaginativas se revelam acaso lhes dediquemos a devida atenção.
Numa nova revisão de A Paixão dos Fortes de John Ford dou com um saboroso diálogo entre o xerife Wyatt Earp e um barman. Apaixonado pela voluptuosa Clementine, o personagem interpretado por Henry Fonda pergunta:
 - Mac! Já alguma vez te apaixonaste?
O outro reflete um instante e abana a cabeça:
 - Não! Toda a vida tenho sido barman!
Descoroçoado por ali não encontrar quem o aconselhe em tão contraditório estado de alma, o protagonista bebe o whisky e retira-se a pensar no que deve fazer para dar solução ao seu dilema.
A gargalhada é inevitável, sobretudo por surgir em momento tão inesperado!

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