Em 1977 estreou-se uma produção europeia realizada pelo norte-americano Sam Peckinpah, que ainda consegue ser um dos melhores filmes de guerra dessa década embora alguns furos abaixo do que ele assinara anteriormente (A Quadrilha Selvagem em 1969 ou Tragam-me a cabeça de Alfredo Garcia em 1974). O mérito resultava do facto de oferecer da guerra o outro lado, o do desgaste moral.
A história decorre em 1943, quando o exército alemão está em debandada depois da derrota em Estalinegrado. Entre o sargento Steiner (James Coburn) e o capitão Stransky (Maximilian Schell), explicita-se a luta de classes: aquele despreza o Estado-Maior e, sobretudo, a propaganda oriunda de Berlim, enquanto o segundo, um aristocrata medíocre, inveja-o por já ter uma cruz de ferro, medalha que também ambiciona, não olhando a meios para a conseguir.
A partir desta intriga o filme demonstra a impossibilidade de uma organização manter-se coesa durante uma crise. Ainda que Steiner, depois de uma curta estadia no hospital - que dá o ensejo de introduzir a vedeta feminina imprescindível num filme deste género (Senta Berger) -, decida voltar para junto dos seus, mesmo sabendo certa a derrota. Porque acaba por nele prevalecer o sentido de comunidade, mesmo que em desagregação.
As melhores cenas são as protagonizadas por Coburn com o olhar irónico perante situações em que as maquinações do oficial levam alemães a matarem compatriotas, convencidos de se tratarem de soviéticos. E o riso final com que o filme terminas é o da derradeira desilusão.
Pode-se reconhecer que o filme peca por não fazer das cenas de combate os pontos culminantes, que lhes dessem maior impacto, mesmo que a montagem se incumba de as tornar ultrarrealistas, prosseguindo o filme prosseguir como se não valessem mais do que banais circunstâncias, mas fica demonstrada a tese pretendida pelo argumento: a futilidade de alguém se deixar obcecar por um bocado de metal sem qualquer valor...
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