sexta-feira, julho 17, 2020

(DIM) O Planeta Proibido


Este é dos poucos filmes sobre o qual tenho a certeza de quando o vi pela primeira vez: na noite do meu 13º aniversário! Nesse 13 de julho de 1969 aconteceram algumas coincidências felizes (mesmo muito felizes!) e, eu que nunca fui supersticioso tenho de convir que os astros pareceram conjugar-se de forma muito peculiar para facultar a visão de um filme inesquecível ... realizado no ano em que nasci.
Forbidden Planet foi a primeira incursão da MGM na ficção científica e a ambição foi de monta: não só se optou por rodá-la a cores como deu-se-lhe a majestosidade do exultante Cinemascope. E na banda sonora interveio John Cage, o papa da música de vanguarda. No elenco não se acompanhou essa dimensão estética, mas convenhamos que Walter Pidgeon, Anne Francis ou Leslie Nielsen eram atores bem tarimbados, que nunca comprometeriam esta versão de A Tempestade de Shakespeare, que os argumentistas associaram a conflitos freudianos.
O filme de Fred MacLeod Wilcox revelou-se tão inovador que não se imagina como Startrek poderia ter aparecido dez anos depois se não se alavancasse em tão determinante precursor. Mas não só: os raios destruidores da Estrela da Morte em Star Wars remete inevitavelmente para  o que se explora neste filme-
A história passa-se no planeta Altair 4, em 2257, quando uma nave terrestre vai aí procurar os eventuais sobreviventes da missão Bélophoron, de que não sobram notícias passados quase vinte anos. Apesar de receber uma mensagem para retroceder à origem, o comandante Adams decide pousar na superfície do planeta aí só descobrindo dois sobreviventes: Morbius, um dos cientistas da expedição, e a filha, Alta.
Se Caliban existe nessa terra desconhecida, onde se parece replicar a história de Prospero e de Miranda , ele surge na forma de Robbie, o engenhoso robô, que cumpre na perfeição os princípios enunciados por Isaac Asimov para esse tipo de máquinas humanizadas e ainda consegue do nada congregar moléculas para proporcionar maravilhosos ágapes gastronómicos e muito decente whisky escocês.
Do mesmo nada surge um monstro invisível, que vai matando diversos membros da tripulação e que Morbius suspeita relacionado com uma estranha civilização há muito desaparecida, mas de que resta uma enorme base subterrânea, que se apresta a mostrar aos visitantes. E nessa visita os autores dos efeitos especiais revelam-se brilhantes, sobretudo sabendo como não dispunham dos meios criados informaticamente para os viabilizar com maior facilidade nos dias de hoje.
Embora lhe custe reconhecer, Morbius tem de aceitar as evidências sobre as origens desse monstro terrível, que ameaça matar-lhe a filha. E o autossacrifício acaba por servir-lhe de redenção, quando parecia incontornável a megalomania de quem, à falta de Deus, a ele se pretenderia substituir.

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