sexta-feira, julho 24, 2020

(C) Novas teses sobre a evolução das espécies e a formação da Lua


1. Tomei por boa a tese de Stephen Jay Gould, que dizia sermos únicos na forma como nos moldáramos em função do carácter aleatório e das contingências da evolução. Ficámos formatados nos homo sapiens, que somos, mas poderíamos ter saído bem diferentes se uma ou mais variáveis da nossa construção se revelasse diferente.
Que não é tanto assim, assevera-o Marc-André Selosse, do Museu de História Natural de Paris, que evoca um número considerável de artigos recentes, demonstrativos do carácter científico da própria evolução. Neles constata-se existir uma espécie de determinismo ao nível microbiano, com organismos completamente diferentes a adaptarem-se a condições idênticas de acordo com os mesmos genes, e até mutações. “Há muitos casos de convergências em espécies que conheceram níveis evolutivos diferentes, mas encontraram as mesmas soluções para resolverem problemas que eram semelhantes.”
Segundo os especialistas isto sugere que a evolução pode ser previsível, mesmo se, com os conhecimentos atuais, ainda não consigamos antecipar como nos viremos a transformar.
2. A exemplo de Marc-André Selosse, Anthony Herrel também trabalha no mesmo Museu parisiense. E apresenta uma tese curiosa, ainda que sensata: os furacões desempenham um papel ativo na evolução das espécies como o demonstram as mudanças ocorridas nos lagartos Anolis scriptus, das Caraíbas, cuja descendência apresenta ventosas mais fortes, membros anteriores alongados ao contrário dos posteriores, mais curtos do que de costume. Conseguirão assim fixar-se melhor a superfícies onde se sintam mais protegidos, quando a fúria dos elementos se exerce à sua volta.
3. Da Califórnia surge uma outra explicação sobre o sucedido há cerca de 4,5 mil milhões de anos, quando um planeta da dimensão de Marte veio chocar com a Terra e causou uma acumulação de poeiras e materiais rochosos, que viriam a formar posteriormente a Lua. Só que os modelos criados para reproduzir esse acontecimento nunca conseguiram demonstrá-lo com a devida consistência. Razão porque Sarah Stuart apresenta outra hipótese: o choque entre os dois planetas terá reduzido a dimensão inicial da Terra, vaporizando 10% da sua matéria e liquefazendo o resto. Nessa altura a Terra terá sido constituída por um embrião rodeado de um gigantesco anel de poeiras e rochas. Milhões de anos depois a Terra consolidaria a sua forma atual, tendo a Lua a orbitá-la.  Os modelos referentes a esta hipótese coincidem mais facilmente com os pressupostos teóricos apresentados.

Sem comentários: