sexta-feira, janeiro 25, 2019

(DIM) Escassa luz depois das trevas


Nos anos setenta, sobretudo depois da Revolução de Abril, estrearam-se filmes, que nos desafiavam a inteligência, porque primavam por simbolismos inerentes a antropologias desconhecidas (Glauber Rocha), a estéticas que nos pareciam vazias de sentido (Makavejev) ou a credos religiosos com que nos não identificávamos (Jodorowsky). No entanto, porque a hora era de com tudo aprendermos, víamos, ouvíamos, líamos e, sobretudo, discutíamos interminavelmente de acordo com interpretações divergentes, que jamais chegavam a consensualizar-se.
Éramos jovens, acreditávamos nas utopias e todos os sinais convergiam para a ideia de as ver concretizadas. Os desencantos não tardariam, levando-nos a dar mais atenção às realidades, já de si tão complexas, que dispensariam colaterais divagações.
Ao ver «Post Tenebras Lux» do mexicano Carlos Reygadas, premiado em diversos festivais internacionais em 2012, concluo já não ter paciência para o tipo de proposta narrativa que o consubstancia. Quarenta anos atrás fundamentaria debates animados nas tertúlias, que frequentava. Agora, mais me parece a história de um casamento, que se esboroa, quando um casal troca o ambiente urbano pelo campo, e nele se confronta com quem os olha como se fossem uma espécie alienígena. Incoerente e chato, não dá para ser levado a sério.

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