Andava Afonso Henriques a arranjar ralações à mãe ou a suplicar a mercenários para que o ajudassem a dar tareia nos mouros quando, no outro lado do mundo, nessa Ásia, que ele por certo nem imaginaria que existisse, construíam os khmers a grandiosa cidade de Angkor ou os birmaneses a maravilhosa Bagan. Na primeira imperavam as obras hídricas, que irrigavam os arrozais, garantindo a alimentação à sua significativa população. Comparativamente com as cidades do seu tempo, Angkor faria figura de megalópole.
Em Bagan construíam-se cerca de três mil templos e pagodes, que constituiriam o foco a partir do qual o budismo se expandiria por toda a região. Muito embora a crença na reincarnação, tendo o nirvana como objetivo final, seja risível para um prosaico ateu, pode reconhecer-se a sua influência determinante para a criação de uma cultura identitária assente na meritocracia e na partilha da riqueza com os mais desfavorecidos. Ainda que os rohyngyas possam queixar-se da imensa diferença, que separa a teoria da prática.
A referência ao nosso primeiro rei comporta ainda uma outra constatação: há novecentos e cinquenta anos, os portucalenses eram uns bárbaros se vistos paralelamente com os que deixaram tão impressionante legado arquitetónico da sua breve civilização.
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