domingo, janeiro 20, 2019

(DIM) O Homem e a Lua


Eva Schötteldreier assinou no ano transato um documentário de duas horas e meia (dividido em três partes) sobre a relação do Homem com a Lua.
Como negar a relevância dessa permanente curiosidade que a Humanidade tem manifestado desde os seus alvores, por essa filha da Terra, resultante da colisão desta com um outro corpo celeste há 4,5 mil milhões de anos? Se me reportar às memórias pessoais, como esquecer a noite em que, ao colo do meu pai, me surpreendi com o acompanhamento que ela nos fazia enquanto percorríamos os caminhos entre a quinta do meu avô e a nossa casa? Lembro-me que, esplendorosa, brilhava no céu, num círculo luminoso perfeito, e parecia viva nesse permanente deslocamento para seguir os nossos passos!
Galileu teve por ela tal fascínio, que criou a conhecida luneta para a ver de mais perto. Como reagiria se soubesse que, quatro séculos depois, existiria uma sonda da NASA  a orbitá-la e a esquadrinhá-la no mais anódino metro quadrado? É com base nessas porfiadas observações, que uma empresa alemã criou duas réplicas tão detalhadas quanto possível, passíveis de serem vistas num planetário saudita ou na própria empresa aeroespacial norte-americana.
A Lua também seduz por quanto influencia a nossa vida de terráqueos: ainda nos impressiona  a capacidade para movimentar os milhões de quilómetros quadrados das águas oceânicas,  na sucessão ininterrupta das marés. Como estranhar, pois, que nos procurem convencer da sua influência nos nossos comportamentos, perturbando-nos os sonos e os humores? Ou condicionando os calendários dos partos? Cientes dessa interferência os nossos antepassados adotaram os ciclos lunares para decidirem quando semeariam os campos ou fariam as colheitas.
Depois de secundarizada nas preocupações dos humanos, que se entusiasmaram com as missões Apollo, mas logo as remeteram para o esquecimento, recrudesce o interesse por voltar a enviar-lhe visitantes humanos, que até possam estabelecer colónias permanentes. Os projetos são diversos e prometem concretizar-se já a partir da próxima década. Mas continuam a ser problemáticas as soluções para garantir a sobrevivência de tais cientistas - porque é deles que se trata, mesmo conjugados na condição de astronautas! - num ambiente em que as amplitudes térmicas são enormíssimas e as radiações cósmicas não são filtradas por nenhuma atmosfera.
Ainda assim, e já sem muitos anos para viver, não perdi a esperança de vir a acompanhar os passos de novos astronautas no solo lunar, recuperando o entusiasmo com que, cinquenta anos atrás, não perdi pitada dos ali dados por Armstrong e por Aldrin.

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