Uma das estórias mais saborosas a respeito da nossa neta mais velha aconteceu quando ela ainda mal começara a andar e ensaiava as primeiras palavras. Um dia a mãe estava a dar-lhe a resolver aquele conhecido jogo infantil em que teria de introduzir um cubo, uma pirâmide, um cilindro e outros sólidos geométricos pelas respetivas ranhuras, cada uma só aceitando aquele que lhe correspondia. Ora a miúda assentiu em tentar o primeiro, quiçá o segundo, mas depois terá pensado: “para que estou a esforçar-me a adivinhar a solução se é mais fácil abrir a tampa do topo e despejar todos os objetos lá para dentro?”. Acedeu assim a um passo evolutivo essencial na história humana: optar sempre pela lei do menor esforço. Se um objetivo pode ser respeitando-a para quê investir maiores esforços?
Ora é precisamente isso que cientistas suíços acabaram de defender num artigo científico que propõe a tese de sermos por natureza preguiçosos como resultado da evolução milenar da nossa espécie. Os nossos genes estão programados para nos pouparem a trabalhos redobrados tão só se descubram alternativas menos desgastantes. Se nos entregamos ao dolce far niente não é porque assim o defina o nosso carácter, mas porque assim no-lo comandam os genes. E perante as incontornáveis forças da natureza, valerá a pena contrariá-las?
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