segunda-feira, janeiro 28, 2019

(DIM) «Ninguém é santo» de Neil Jordan (1989)


Olha-se para o genérico deste filme rodado há trinta anos e encontram-se nomes estimáveis - Neil Jordan na realização, Phillippe Rousselot na fotografia, Robert de Niro, Sean Penn, John C. Reilly, Demi Moore ou Bruno Kirby  como intérpretes - justificativos de nele se investirem quase duas horas na expetativa de se tratar de algo merecedor de alguma atenção.
De início pensa-se na possibilidade de remake daqueles filmes dos anos dourados de Hollywood em que um Bogat fugia da prisão e, ruim como as cobras, tudo fazia para lá não voltar. Porque é disso que se trata: aproveitando a fuga de um condenado à morte, ocorrida no momento em que o estavam a sentar na cadeira elétrica, dois estarolas - Ned e Jim  - acompanham-no, mas logo dele se afastam, procurando abrigo num mosteiro onde assumem ser dois famosos teólogos, que ali são esperados para a procissão anual da sua milagrosa Virgem das Lágrimas.
Retomando a histriónica gestualidade, que antes lhe conhecêramos em «O Rei da Comédia», De Niro é tudo menos convincente nos equívocos suscitados pelo desfasamento entre o que é o que deveria aparentar ser. Sean Penn, ainda muito novo, serve-lhe de compère, sem salvar um argumento, que depressa se sente não ter ponta por onde se lhe pegue, resumindo-se às tentativas do par de fugitivos em atravessar a fronteira para o Canadá ali à distância de umas centenas de metros, sem nunca ultrapassarem os obstáculos, que lhes coartam as intenções.
O mais singular é a sugestão homossexual da atração entre Jim e um jovem monge a quem se junta no final, decidindo-se pela vida monástica como alternativa à delinquência, que até então lhe marcara o percurso. Pode-se depreender o tipo de animação, que preenche aquela vida santificada!
Como balanço não se estranha que, comercialmente, o filme tenha constituído um fracasso, só recuperando, em receitas de bilheteira, metade do que nele fora investido...

Sem comentários: