quarta-feira, janeiro 16, 2019

(C) A resiliente biodiversidade


Há quem continue preso a conceções absurdas como a da Terra não ser redonda ou a evolução das espécies não existir. Parece haver na zona de Mafra, um parque temático vocacionado para os chamados criacionistas, que não só ainda acreditam na existência do deus bíblico como explicam toda a biodiversidade dos nossos dias como decorrendo da sua suposta vontade nos sete dias aludidos no Génesis.
E, no entanto, a Ciência multiplica-se em provas quanto à versão darwiniana quase unanimemente aceite, algumas das quais se explicitam da forma mais inesperada: nos últimos anos muitos dos animais selvagens existentes nos espaços urbanos (, plantas, árvores, insetos, lagartos, caracóis, morcegos, aves, etc.) andam a conhecer grandes mutações morfológicas, e nos próprios genomas, para melhor corresponderem ao rápido agravamento de diversas manifestações poluentes (dejetos, odores, ruídos, luzes intensas, etc.), assegurando numa rápida demonstração da tese do autor de «A Origem das Espécies» quanto à sua resiliência. Os investigadores, que estão a analisar o fenómeno até nele buscam antecipar a forma como as diversas espécies reagirão ao aquecimento global dado o desfasamento de temperatura entre as aquecidas cidades em relação aos ambientes não urbanos à sua volta.
Os cientistas vão ganhando a convicção de que, em vez de rapidamente se extinguirem, as múltiplas variantes da biodiversidade dos espaços urbanos vão-se adaptando e a aprenderem a sobreviver perante as novas contingências. O que constitui uma verdadeira lição para os mais pessimistas, que esquecem-se como a vontade de viver se sobrepõe quase sempre à deprimente aceitação da impossibilidade de se seguir por diante.

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