Daqui a uma hora e pouco começa o concerto de Brian Wilson no Parque da Cidade, no Porto. Ora, a trezentos e tal quilómetros de distância, tenho imensa pena de não o ir ver, embora a alternativa também venha a ser ótima: a 5ª Sinfonia de Mahler no CCB, com o seu sempre tocante «Adagietto».
Mas Wilson representa a ambivalência relativamente ao que significaram os Beach Boys ao longo da minha vida. Inicialmente, nos idos anos 70, dei pouca importância ao lado conceptual de «Pet Sound» e vi-os como a ilustração de uma certa frivolidade ligada ao surf e às praias californianas, quando mais importava o que se cantara em Woodstock ou o que continuava a ser interpretado por gente admirável como Pete Seeger, Tom Paxton e outros parceiros de luta contra a guerra do Vietname. Mesmo que «Good Vibrations» já me soasse muito bem.
Os anos foram-se somando na minha biografia e o que passara ao lado, ganhou maior importância. Mesmo orientando as preferências mais para o jazz, a música clássica ou a étnica, retive alguma estima por alguma pop e algum rock. Que se tornaram, também por si mesmos, músicas clássicas noutra perspetiva.
Ademais a tragédia pessoal por que passou o próprio Brian Wilson, que comprova a necessidade de algum grau de loucura para se atingir a dimensão de génio, só me inspira um maior respeito e atenção pela sua obra.
Por isso e na impossibilidade de estar no Porto, aqui fica o link para um espetáculo imperdível. Porque, mesmo que não sejamos propriamente feitos para estes tempos de hoje, nós que desejaríamos antecipadas algumas utopias de estimação, reencontraremos nestas canções algo da nostalgia por um futuro, que ainda não chegou...
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