Eu gosto tanto do cinema realizado por Michael Moore, que fui logo ver este «E Agora Invadimos o quê?» no dia da sua estreia.
Os hipócritas dirão, que se trata de um tipo de cinema documental demasiado simplista e até demagógico, mas contraponho-lhes com o desejo de que deveria ser filme de visão obrigatória não só para todos os norte-americanos, mas também para os europeus. Porque contrapondo uma visão idílica da Europa com os diversos aspetos distópicos da realidade americana - as despesas militares, que inflacionam os impostos, as prisões enquanto locais de escravatura e de ostracização política de grande parte da população negra ou o endividamento dos jovens universitários devido ao custo cada vez mais obsceno das propinas - Moore demonstra como Bernie Sanders tem plena razão em desejar a aplicação doa valores e das práticas políticas dos socialistas e sociais-democratas europeus na realidade norte-americana. E que a mensagem já está a ganhar significativo apoio nas camadas mais jovens e esclarecidas da terra do Tio Sam, demonstra-o o relativo sucesso do senador do Vermont em contrariar quase até ao fim a nomeação de Hillary Clinton como candidata presidencial do Partido Democrata.
É verdade que eu também gostaria de viver na Europa, que Moore descreve: onde os patrões dão semanas de férias pagas aos seus trabalhadores, onde os sindicatos são respeitados, o ensino universitário gratuito, as políticas antidroga um sucesso (reside aqui o resultado da visita do realizador a Portugal), a punição dos banqueiros especuladores uma realidade, a reinserção profissional dos delinquentes um objetivo ou a alimentação das cantinas escolares ao nível dos restaurantes com estrelas Michelin.
Mas, sejamos espectadores norte-americanos ou europeus o importante é constatar a possibilidade de existir um outro mundo possível, onde a exploração não seja tão obscena e as pessoas cultivem o seu direito à felicidade, tendo para isso os recursos financeiros e a disponibilidade de tempo para o cultivarem…
Se até o muro de Berlim caiu, quem se atreve ainda a negar a exequibilidade do que ainda é tido como impossível?
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