Ao contrario do Indie ou do DocLisboa, de que sou incondicional fã, nunca me daria ao trabalho de deslocar-me ao cinema para ver filmes de terror apesar da piada que lhes acho.
Essa atração talvez decorra de ter nascido num tempo e numa terra onde ainda se falava de lobisomens, de bruxas e de fantasmas. As doenças eram explicadas por feitiços poderosos atirados ao mar e os adultérios só podiam explicar-se pela utilização da temível «água do cu lavado».
As décadas de muito viver fizeram-me impenitente ateu sem qualquer expetativa em relação a uma qualquer forma de vida para além da morte. No entanto, sempre que o pequeno ecrã apresenta filmes com zombies ou com outras entidades maléficas, eis-me a fazer algum trabalho menos exigente ao computador e a espreitar a evolução da história pelo canto do olho.
Foi nessas circunstâncias que vi «O Espírito da Morte» do argentino Eduardo Schuldt, antes da sua estreia por estes dias no Fantasporto.
Filme de pequeno orçamento recorre ao artifício de imitar as reportagens televisivas com um conjunto de estudantes a projetarem uma obra de final de curso de cinema com as reações de espectadores a olharem para um filme de terror num ecrã sem se ver o que aí era exibido.
Descobrem, então, que todos quantos acedem a tais imagens logo morrem violentamente devido a uma maldição do tempo da Inquisição espanhola. E, porque todos eles não conseguiram resistir a conhecerem tais imagens, também irão sucessivamente acrescentar-se às vítimas anteriores.
A realização está ao nível dos tarimbeiros, os atores esforçam-se por dar credibilidade ao medo que não sentem e os efeitos especiais são rudimentares. Mas se ainda existirem aquelas sessões da meia-noite para os fanáticos do género, «O Espírito da Morte» não desmerece de muitos outros, que costumavam entusiasmar essas audiências muito especializadas...
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