A Cinemateca continua a apresentar filmes de Raoul Walsh no âmbito do ciclo dedicado a realizadores inspirados por David Griffith: depois de ontem ter apresentado «The Horn Blows at Midnight», uma comédia de 1945 sobre um anjo enviado à Terra para a destruir, passa hoje o filme, que deu notoriedade a Humphrey Bogart e lhe abriu as portas para a filmografia, que se lhe seguiria: «O Último Refúgio».
Datado de 1941, «High Sierra» irá confirmar o destaque obtido no ano anterior com «O Falcão Maltês» ao transformar em filme uma novela de W.R.Burnett, que tem como protagonista um gangster envelhecido decidido a um último golpe antes de optar pela reforma.
Claro que fracassará, vendo-se acossado na montanha onde procurara refúgio.
No âmbito do mesmo ciclo, também se apresenta «Vontade Indómita» de King Vidor, um filme de 1949 vagamente influenciado na personalidade do arquiteto Frank Lloyd Wright.
Gary Cooper faz o papel de um arquiteto, que prefere destruir a sua obra com uma carga de dinamite a vê-la adulterada.
Existe, pois, alguma ambiguidade ideológica nesta profissão de fé no primado do individualismo sobre o interesse coletivo.
Noutro ciclo igualmente em curso a Cinemateca está a abordar a cinematografia de Jacques Tourneur.
Ontem apresentou «O Homem Leopardo», que ele rodou em 1943 e particularmente interessante por evitar a exposição dos crimes de um serial killer, optando pela sugestão e pelos jogos de sombras em vez da visualização das agressões.
Hoje é exibido «Amor Selvagem», que Tourneur rodou em 1946, para o qual contou com recursos mais significativos do que os habitualmente disponíveis para os seus títulos de série B.
Trata-se de um western num magnifico technicolor, em que dois homens disputam a mesma mulher. Confirmando o estilo do autor, o que provém da memória ou da sugestão importa tanto quanto o que se dá a ver aos espectadores.
A concluir resta alertar para um título completamente diferente, mas que também integra a programação da Cinemateca nesta terça-feira: «Os Herdeiros» de Carlos Diegues.
Realizado em 1969 mostra como a história de uma família brasileira se interliga com a história do país desde a Revolução de 1930 até ao golpe militar de 1964.
Trata-se de um dos títulos mais representativos do Cinema Novo, que tão importante foi na História do Cinema Brasileiro.
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