À partida não daria grande atenção à obra de Artem Volokitin, sobretudo sabendo-o de alma e coração com o novo poder sedeado em Kiev.
Poderei não ser politicamente correto perante algumas almas piedosas, mas tenho para comigo, que alemães e norte-americanos estavam mesmo a pedi-las, quando se puseram a provocar Putin e a querer localizar bases da Nato junto às suas fronteiras.
Em suma, ideologicamente, a arte de Volokitin desagrada-me. Mas esteticamente reconheço-lhe interesse, sobretudo no conjunto de obras por ele intitulado «Beleza irreversível».
O artista ucraniano concebeu-as como a tradução na tela do que via nas explosões, que deflagravam à sua volta. Para ele a explosão é o instante em que toda a violência se concentra. No instante seguinte já tudo é diferente … e irreversível.
Por isso enquanto fenómeno natural a explosão é um fenómeno de rara beleza. Mas, provocado pela vontade humana, já se entra no domínio do terror.
Volotikin será um dos artistas, que estará em Veneza durante a próxima bienal.
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