As quatro sessões previstas para as duas salas da Cinemateca nesta quinta-feira, 12 de março, integram dois filmes franceses dos anos 90 e outros tantos norte-americanos do final dos anos 20.
«D’Est» foi rodado em 1993 por Chantal Akerman para escalpelizar as transformações ocorridas nos países do leste europeu quatro anos passados sobre a queda do muro de Berlim e já entretanto implodida a União Soviética.
Iniciada na fronteira da Alemanha no final do verão e avançando até ao pico do inverno na Rússia, o filme é um diário de viagem em que a realizadora vai alternando longos travellings com interação de pessoas contactadas em paragens de autocarro ou em filas de espera, sem que se arrisque num qualquer comentário pessoal.
«Le Tombeau d’Alexandre» foi rodado por Chris Marker nesse mesmo ano de 1993 e homenageia Aleksandr Medvedkine, um realizador que, no início dos anos 30, havia percorrido a União Soviética para dar testemunho sobre a evolução da pátria da revolução de outubro.
O filme liga-se perfeitamente com o de Akerman, porque se esta última apostara na explicitação cinematográfica da grande desilusão com o comunismo, Medvedkine personificara para Marker o último bolchevique.
Mas, enquanto Estaline ia implementando uma perspetiva muito pessoal quanto à construção da utopia comunista, Griffith chegava ao final dos anos vinte a apostar na ilustração do grande mito político norte-americano do século anterior: «Abraham Lincoln».
A biografia do presidente assassinado calhava bem para a vontade em rodar o seu primeiro filme inteiramente sonoro. E para o papel principal nada melhor do que Walter Huston, o patriarca de uma família doravante tão importante para o cinema norte-americano.
Refletindo o seu pessimismo de então, Griffith dá de Lincoln uma perspetiva angustiada, utilizando a banda sonora como um elemento fundamental na criação da ambiência do filme.
Inovador por natureza, Griffith intuiu o quanto esse elemento poderia constituir um fator fundamental para a sugestão de estados de alma nos seus espetadores.
De um dos seus discípulos, também se apresenta «O Anjo da Rua» de Frank Borzage, um filme da transição do mudo para o sonoro, em que Janet Gaynor é uma prostituta apostada em esconder esse seu passado comprometedor, quando se torna artista de circo.
Em suma, temos quatro boas propostas para dar alimento à nossa inveterada cinefilia.
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