À partida o autor da série «Os Influentes», Dan Franck, perspetivou um tríptico, que assentasse no antes, no durante e no depois de estar no poder. No entanto as vicissitudes da produção foram tantas que, não só Franck acabou de dela se dissociar, como a história em si iria mudar quanto aos seus principais personagens.
E, no entanto, o interesse que despertou foi bem maior do que dela imaginara colher, quando nos dispusemos a vê-la.
Tudo começa com a morte do presidente francês, vitimado por um ataque bombista, que a direita pretenderá utilizar como argumento para incrementar as suas políticas securitárias, mesmo sabendo dever-se a um homem desesperado a quem a perspetiva de desemprego levara a um gesto definitivo.
Simon Kapita, um spin doctor, aposta então em impedir a vitória anunciada do primeiro-ministro Deleuvre, a quem repudia a falta de escrúpulos. Em poucas semanas terá de organizar a campanha de Anne Visage, a secretária de Estado cuja ligação amorosa com o presidente assassinado virá a ser revelada (e explorada pelo campo adversário!) durante a campanha, e a única capaz de juntar a direita e o centro para combater a estratégia vitoriosa do candidato da esquerda, Marjorie.
Essas semanas serão, igualmente, as do combate na sombra entre Kapita e o seu sucessor na agência de comunicação, que criara, a Pygmalion, esse Ludovic Desmeuze, que dá razão à análise freudiana do desejo do filho em matar o pai. Porque Kapita fora quem o formara e o lançara para lhe suceder, quando saísse para a carreira internacional na ONU, subitamente posta no congelador pelo novo desafio, que as eleições lhe sugeriam.
Tudo aponta para o sucesso da campanha de Kapita, mas, entre 2012 e 2013, a protagonista da primeira temporada, Nathalie Baye decide não participar na seguinte o que levou os novos argumentistas a alterarem a história original: em vez de Anne Visage, terá sido Marjorie a ganhar as eleições, recorrendo a Kapita para o ajudar a resolver os sucessivos ataques a que se vê sujeito no Eliseu.
Já não lhe basta a direita não lhe dar tréguas - liderada por Deleuvre, que continua associado a Ludovic - e as dificuldades surgem do próprio interior do Eliseu com a mulher (Catherine Clément) a suscitar situações comprometedoras com o seu carácter biopolar, a secretária-geral a gerir com dificuldade um negócio antigo com um intermediário em negócios de tráfico de pessoas e de armas e o próprio presidente a quase ficar incapacitado por um ataque de meningite.
Kapita terá de utilizar as suas maiores capacidades para limitar os danos, que põem em causa a continuidade do mandato de Marjorie, enquanto a vida familiar lhe traz dificuldades acrescidas, com a ex-mulher a ficar presa no Mali e a filha acusada de cumplicidade com o terrorismo islâmico, situações que permitem revisitar alguns dos temas mais pertinentes da atualidade política francesa dos últimos anos.
Anunciada uma terceira temporada, esperamo-la com justificada expetativa.
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