Aos oitenta anos este antigo guerrilheiro e horticultor é, não só a personalidade política mais carismática da América Latina, mas também a mais singular. De facto, Pepe Mujica é tão focalizado na agricultura como na justiça social. E ambiciona oferecer uma vida melhor aos seus concidadãos. A sua política, muito próxima do povo e o estilo de vida modesto tornam-no credível para todas as gerações. Do seu vencimento presidencial ele só reservava 10% para si consagrando o resto a projetos sociais, como por exemplo a construção de alojamentos sociais para os mais desfavorecidos.
A biografia de Pepe Mujica está recheada de reviravoltas. Nos anos 70 participou na fundação do movimento de guerrilha urbana Tupamaros, combatendo a ditadura até ser aprisionado.
Passará 14 anos na prisão, quase sempre em cela solitária, e com sujeição frequente a tortura. Mas consegue evadir-se por duas vezes, mesmo acabando por ser apanhado.
Será liberto em 1985 no quadro de uma amnistia decretada logo após a queda da ditadura militar.
Com a companheira, Lucía Topolansky, lança-se então na exploração de uma pequena quinta sem descurar a militância política no parlamento.
Entre 2005 e 2008 é ministro da Agricultura.
Em 2009 apresenta-se como candidato à Presidência da República em nome da aliança de esquerda Frente Amplio e ganha.
O sonho torna-se realidade e assume o cargo de presidente uruguaio até 1 de março de 2015. Doravante o compromisso é manter-se na política ativa como senador.
A realizadora suíça Heidi Specogna conhece Pepe há muitos anos e filmou-o regularmente à medida que o ia reencontrando. Desse material criou um filme comovente e corajoso sobre um homem excecional. O seu percurso e conduta, bem como as suas ideias comprovam a exequibilidade de fazer as coisas mudar.
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