Em homenagem às doze vítimas do atentado ao «Charlie Hebdo», os que habitam ou visitam Paris continuam a colocar flores, lápis e desenhos na Place de la République e em frente à antiga sede da redação do jornal satírico. Está igualmente a decorrer um debate nos meios artísticos: até que ponto a violência foi impulsionada por textos de canções rap? É que alguns dos temas, que fizeram furor nos últimos anos, faziam do Charlie Hebdo um ódio de estimação, bem como a tudo quanto de irreverente ele representava. Se há cantores, que recusam o mea culpa pelos apelos ao ódio, que difundiram por essa via, há os que se procuram defender com a tese de terem de existir limites para as sátiras às religiões.
Em sentido contrário há uma interessante exposição de Mehdi-Georges Lahlou no Instituto do Mundo Árabe. De origem marroquina e espanhola, o artista recorre a símbolos muçulmanos para questionar as suas raízes e os correspondentes tabus.
A exemplo de Charb e dos seus companheiros assassinados, Lahlou considera o humor como uma das armas mais eficientes.
Por isso na obra «Ceci n’est pas une femme muçulmane», o artista vestiu uma hijab e cria estranheza com a sua barba a sobressair do conjunto, que assim se revela.
Tão sacrílego quanto possível, Lahlou não hesitou em filmar-se durante uma performance em que percorreu trinta quilómetros com uns sapatos de tacões altos.
E não faltam referências à abjeta discriminação das mulheres nas sociedade islamizadas, todas elas a carecerem de sérios abanões para estilhaçar o mais possível os preconceitos milenares, que ainda suportam tal mundividência.
Mas, se olharmos para o que césar das neves escreveu há dias a propósito do papel da mulher na sociedade (o de se limitar a ser fada do lar) podemos concluir que abanões destes também fazem falta nos católicos empedernidos...
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