quinta-feira, março 12, 2015

DIÁRIO DE LEITURAS: Pedopsiquiatras ou meros imbecis?

Tenho sérias reservas em quem se apresenta como pedopsiquiatra. Se não tenho dúvidas quanto à necessidade de identificar e encontrar soluções para os distúrbios, que as crianças transportam desde tenra idade, seja por razões inatas, seja por condicionalismos a que possam ter sido sujeitas depois do nascimento, o tipo de discurso dos que se deveriam ocupar com tais situações, acaba amiúde por me espantar.
Recordo por exemplo os strechts, que andaram a proferir enormidades enquanto durou o caso da pedofilia com alunos da Casa Pia. 
À distância não é difícil conjeturar sobre o móbil político de quem lançou essa campanha, que tinha por objetivo decepar a liderança do Partido Socialista, mas esses supostos especialistas andaram a afiançar a todas as horas em como «as crianças não mentem» para servirem de alibi a quem almejava atingir os alvos predefinidos.
Ora todos sabemos que as crianças não correspondem nada ao estereotipo angelical que as sinistras catalinas andaram a querer impor como verdades absolutas. Podem ser perversas - e Nabokov bem o demonstrou em «Lolita» -, criminosas e até imbuídas de parafilias capazes de irem ao encontro das dos adultos com que interajam.
Por isso mesmo vivemos muito possivelmente com Carlos Cruz um tenebroso erro judiciário, que nunca terá remissão.
Vem isto também a propósito e outro pedopsiquiatra, Stéphane Clerget, que anda a suscitar discussões em França com um livro imbecil - «Nos garçons en danger!» - em que alerta para a desvirilização dos miúdos face a uma sociedade em que as raparigas estão a conquistar todas as vantagens competitivas.
Personificando um reacionarismo quase troglodita - mas que entusiasma por exemplo os leitores do «Le Figaro» - o autor de tão estúpida tese propõe que se voltem a separar rapazes e raparigas desde a pré-primária, com professores dos respetivos sexos para que adotem modelos em conformidade com essa condição de género.
Tendo nós vivido mais um Dia Internacional em que se voltaram a apresentar estudos sustentados sobre a continuidade de uma discriminação reiterada entre os direitos e remunerações das mulheres em relação aos homens, um livro com esta ideologia, ou procura lucros com base na gratuita provocação ou espelha uma ideologia execrável, que nunca é de mais denunciar. 

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