Por muito que tenha sido toda a vida um conservador, John Ford sempre me mereceu o respeito de ter tido a coragem de, perante colegas de profissão perseguidos como comunistas pelo tenebroso senador Mccarthy, ter assumido corajosamente a sua defesa. Também a ele devemos a lógica de, perante a realidade, ou perante a lenda, se preferir justificadamente a segunda.
É por isso que vale a pena sublinhar a apresentação de dois dos seus filmes, hoje e amanhã na Cinemateca.
Hoje à tarde é exibido «Tormenta a Bordo», que adapta quatro peças num ato de Eugene O’Neill e retrata a vida de um grupo de marinheiros a bordo de um navio ou nas suas zaragatas em terra.
Embora os EUA ainda estivessem distanciados do conflito europeu - o filme é de 1940 - «The Long Voyage Home» já o tem como cenário, porque surgem os ataques aéreos, as situações de espionagem e o transporte de munições para Londres.
Amanhã é apresentado «A Caravana Perdida», já produzido num outro contexto porque datado de 1960, e que é uma das joias da filmografia fordiana. Em vez de atores de primeira dimensão, Ford contou com um elenco menos ambicioso, mas não menos competente, mas sobretudo ganhou espaço para filmar o seu cenário de eleição: Monument Valley.
É nessa paisagem de eleição, que um grupo de mórmons avança penosamente à procura da sua Terra Prometida.
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