As cartas supostamente escritas por Fernando Pessoa a Sá Carneiro, quando este se radicara em Paris em 1915 1916 - só interrompidas com o seu suicídio! - continuam a ser de uma inquestionável verosimilhança, mesmo que as saibamos criadas pelo saber e talento de Pedro Eiras. Não faltam os […] a pressupor as partes ilegíveis desses textos, nem as gralhas, que o suposto editor teria encontrado sem se atrever a corrigir. E são constantes as referências à penúria de dinheiro sofrida por ambos, mas que seria forte explicação para o trágico desenlace do autor de «A Confissão de Lúcio».
Uma das novidades para mim, já que pouco mais dele sabia do que ter destruído toda a obra artística antes de morrer, é o execrável feitio de Santa Rita Pintor. Tido como vulto importante da geração futurista, Pessoa acusa-o de tentar subtrair aos seus legítimos criadores a influente «Orpheu» e, porque os sabia falidos demais para publicarem o terceiro número da revista, procurou substituir-se-lhes, não pelo altruísmo de lhes dar continuidade, mas pelo narcísico prazer de recolher para si os louros.
Ainda sem lhe concluir a leitura, o romance de Eiras continua a dar-me um enorme prazer como seu leitor.
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