Quem atravessa a ponte sobre o Tamisa, que separa a margem onde está a Catedral de São Paulo para aquela onde dá de caras com a antiga central elétrica, convertida no museu Tate Modern, também vê à sua esquerda o Teatro do Globo, onde se representam as peças de Shakespeare, tanto quanto possível numa aproximação às condições da época em que foram criadas.
Na fachada encontra-se uma inscrição retirada da peça «Como Vos Agradar»: “O mundo inteiro é um teatro e todos, homens e mulheres, são nele atores”.
É precisamente com esta proposta, que prosseguirá o ciclo de filmes, que a Associação Gandaia da Costa da Caparica está a apresentar nas noites de quinta-feira de janeiro no Cinema Impala e aberta a todos quantos a elas quiserem ocorrer.
Escrita em 1599, pouco antes de «Hamlet», esta criação de Shakespeare tem alguma semelhanças com «A Tempestade», a sua última obra já apresentada na sessão da semana agora findada.
Escrita em 1599, pouco antes de «Hamlet», esta criação de Shakespeare tem alguma semelhanças com «A Tempestade», a sua última obra já apresentada na sessão da semana agora findada.
Temos, uma vez mais, a rivalidade entre irmãos, com um duque condenado ao exílio por ter perdido o seu trono em proveito do irmão golpista. Ou um outro, Orlando, obrigado a sair de casa, porque o primogénito o trata como um simples servo da gleba.
Em vez de passar-se numa ilha, como nessa peça posterior, «Como Vos Agradar» decorre quase sempre na Floresta de Arden, que tanto remete para a França e para as Ardenas, como para uma extensão florestal muito próxima da terra natal do autor.
Mas existe, igualmente, uma similitude com «Hamlet», quando o inexperiente Orlando entra em combate contra um cavaleiro mais experiente e o vence, antecipando o confronto daquele com Laertes na peça seguinte.
Interessante é a prestação da conhecida Helen Mirren no papel da ousada Rosalind, que se travestiza em rapaz para escapar aos perigos da sua condição e acaba por suscitar paixões equívocas em homens e mulheres.
No epílogo, a exemplo do que já constatáramos em «A Tempestade», mas aqui sem recurso à magia, os maus da história arrependem-se e escolhem o amor ou a entrada no convento como forma de se redimirem dos seus atos. E o Amor prevalece com casamentos entre os que, entretanto, se deixaram tomar pelos seus sortilégios.
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