Aos 14 anos Anna regressa a casa, vinda do internato onde estuda, e descobre a família em crise profunda: apaixonado por outra mulher, o pai saiu de casa, deixando-a entregue a uma mãe desorientada, que busca consolo na religião, e um avô truculento, mas por quem sente grande afeto.
É nesse contexto, que prepara-se para o Crisma, mas alimentando sérias dúvidas a propósito da sua fé. Toma, pois, por confidente um jovem padre italiano, enquanto vai namoriscando com Pierre, apesar dele quase só lhe chega aos ombros.
Se a súbita sensualidade da adolescente perturba o ambiente cristão constituído quase inteiramente de mulheres relativamente jovens, o tema não é propriamente o de opor essa frescura a uma religiosidade apostada em reprimir os impulsos carnais. Até porque os tempos já não são os mesmos e Anna cresceu numa família desempoeirada com um pai e um avô ateus e uma mãe que, apesar de crente, não é fundamentalista.
O que oprime a adolescente é a conjunção de tantos acontecimentos: a separação dos pais, a rivalidade com a mãe, a decrepitude do avô e um corpo confrontado com as suas primeiras escolhas. E a resposta à questão de acreditar ou não em Deus.
Mediante uma construção delicada, mas também irreverente, Katell Quillévéré mostra um percurso iniciático tendo por cenário as paisagens da Bretanha acompanhada com a sua música folk.
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