Na passada segunda-feira a RTP2 apresentou, quase clandestinamente, o primeiro dos três filmes rodados por Ivan Dias para uma série intitulada «Júlio Pereira e os Homens do Cavaquinho». Ora trata-se de uma pérola, que bem merece ser vista por muitos mais espetadores, decerto interessados em constatar como a presença portuguesa continua bem viva em terras distantes, onde os viajantes da época dos Descobrimentos levaram a nossa cultura e os nossos valores.
No primeiro episódio o mestre do instrumento e os técnicos da equipa de filmagens deslocaram-se à Indonésia para aí contactar os que praticam o Keroncong, género musical rico em matizes, porque sempre recorrendo ao cavaquinho ao qual associam violoncelos, gamelões, violinos e outros instrumentos locais, a ele subordinados. Sem esquecer as canções, algumas com versos num crioulo quase incompreensível para quem as entoa, mas com similitudes perturbantes com o nosso fado ou com as mornas cabo-verdianas.
Num subúrbio de Jacarta, Tugu (que tem a vem com o luso «tuga»), encontram-se descendentes dos portugueses aí chegados como se comprovam nos seus nomes e no orgulho com que cultivam as tradições por eles ali deixados. Mas o filme mostra outros núcleos habitacionais onde existe a mesma tradição em torno desse instrumento e onde se organizam até festivais coloridos a ele alusivos.
Se podemos lamentar alguns dos aspetos mais controversos da nossa história colonial, há-os bem positivos como estas imagens demonstram.
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