terça-feira, maio 03, 2022

Tocata e Fuga: Os Dias de Mário Cláudio, Jorge Campos, 2021

 

Quatro anos andou Jorge Campos a acompanhar Mário Cláudio para traçar-lhe um retrato íntimo, que não chega a esclarecer muitas das questões levantadas pela sua obra. Por exemplo o porquê de criar narrativas tão diferentes umas das outras, mesmo que muitas vezes dedicadas a uma personalidade ou um espaço (a Quinta das Virtudes) em torno dos quais se detalha uma época, uma sociedade, uma cultura.

Não é que o escritor não dê uma resposta possível: são os livros que o escolhem a ele, não o contrário. Por isso, quando entra a sério na criação, entusiasma-se, deixa-se levar pelos caminhos que eles próprios parecem definir-lhe.

Credível enquanto resposta? Desconfio que não, mas que é explicação bem achada, lá isso é.

E também gostaria de saber mais sobre essas origens campesinas, que reconhece marcarem muitos dos seus textos. Embora busque a cumplicidade, Jorge Campos não consegue aproximar-se o bastante para lhe perscrutar a profundidade, a verdadeira natureza do seu ser. Mas quem disse que todos os criadores devem preservar a sua parte de mistério?

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