segunda-feira, maio 23, 2022

Dois pintores no Massachusetts

 

No Massachusetts dois dos grandes pintores norte-americanos do século XX encontraram inspiração para criarem algumas das suas obras mais conhecidas: em Cape Cod Edward Hopper encontrou paisagens suficientemente aliciantes para dar outra expressão aos sentimentos de solidão e melancolia associados às que pintou em Nova Iorque. Passando os verões à beira-mar na península ligada à indústria de pesca, que tantos açorianos atraiu, aí comprou uma vivenda em madeira semelhante, em arquitetura, às que foi buscando nos seus passeios de carro pela região, quase sempre acompanhado pela mulher, a também pintora Josephine Hopper, procurando os enquadramentos mais aliciantes para depois os reverter para a tela, depurando-os de tudo quanto não fosse essencial para o sentido a ela conferido.

Numa ilha ao sul dessa península passou Jackson Pollock quatro verões em casa do casal Benton, servindo-lhe Thomas de mentor - apesar de apostar no figurativismo como estilo - e Rita de cúmplice nas experiências em cerâmica.

Embora a paisagem o levasse a replicar as opções estéticas do seu anfitrião, depressa Pollock evolui para o abstracionismo, inventando o dripping, ou seja a projeção de tinta para a tela colocada em posição horizontal e com a qual, nem o pincel ou trincha, chegavam a entrar em contacto.

As paisagens massachusettsianas não tinham, na época em que Hopper ou Pollock aí viveram, o glamour das décadas seguintes, quando foram tomadas de assalto para as férias estivais de presidentes (Kennedy ou Obama) e de vedetas de Hollywood. Eles reproduziram-nas em quadros que, no primeiro caso, se inseriam na lógica do conjunto da obra já dele conhecida, e no segundo foi ponto de partida para tudo quanto depois produziria. 

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