quinta-feira, maio 19, 2022

Alma Viva, Cristèle Alves Meira, 2022

 

Estreado em Cannes esta semana, Alma Viva será filme por que esperaremos com a ânsia de o sabermos interessante o bastante para consolidar-nos a ideia de existir uma nova geração de cineastas capazes de nos continuarem a dar as mais gratas descobertas na transposição cinematográfica de realidades para que vale a pena olharmos.

A região transmontana continua a ser das mais estimulantes para o efeito - pelas paisagens, pelos rostos e suas crenças - e por preencherem o ecrã com momentos gratificantes. Tanto mais que, no caso desta primeira longa-metragem da realizadora luso-francesa, há a assinatura da fotografia pelo sempre excelente Rui Poças.

Temos então uma história de bruxas, que iludem sexualidades não conformes através do estatuto de poder garantido pelo exercício desse saber e uma vingança que pretende desconcertar-nos quanto à penetração do racional pelo que não é. Tudo potenciado pela intenção da realizadora em assegurar maior genuinidade nos seus propósitos ao recorrer a muitos figurantes não profissionais e misturá-los com uma mão-cheia de atores que o são, mas procuram diluir-se no todo, que os exima do lado contido do métier. 

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