Foi há cinco anos - estávamos ansiosos por aí conhecer a neta mais nova prestes a nascer! - que o artista alemão Hagen Betzwieser apresentou em Amesterdão a performance sobre o odor da Lua. Uns balões a sobrevoarem umas dezenas de participantes convidados a rebentá-los para terem uma noção do cheiro, que tem a Lua.
Preparado por perfumistas de acordo com os eflúvios da poeira trazida pelas botas dos astronautas das missões Apollo, lembrava uma mistura de pólvora, serradura e ovos podres, que Edwin Aldrin reconheceu muito semelhante à real.
Demonstração das muitas formas como os artistas se viram inspirados pela Lua, essa obra de quem aspirara a ser astrofísico na adolescência, mas depois reconhecera maior interesse na representação da divulgação dos seus temas, também pode suscitar muita discussão sobre os rumos assumidos pela arte contemporânea. Não deixa margem para dúvidas é quanto ao fascínio suscitado por um astro, que os meteoritos moldaram nos muitos milhões de anos em que nele incidiram, alterando-lhe a feição das crateras e respetivas sombras, que permitiram à milenar civilização chinesa ali ver uma lebre de enormes orelhas ou um crocodilo aos africanos da costa atlântica.
Menos imaginativo, Galileu detalhou-a com a sua luneta e deu-lhe aprofundadas descrições sob a forma de textos e de desenhos no seu Sidereus Nuncius, publicado em 1610 e que melhor conhecemos como O Mensageiro das Estrelas.
Desconhecemos se o sábio italiano ponderaria na curiosidade odorífera, que interessou Betzwieser, mas devemos-lhe o primeiro tratado sobre como é, de facto, esse nosso companheiro cósmico.
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