terça-feira, maio 31, 2022

O antissemita Thomas Edison

 

Que somos às vezes iludidos pela omissão da informação essencial de que deveríamos dispor antes de nos entusiasmarmos com algumas causas demonstra-o Paul Auster no seu «Relatório do Interior», quando conta o fascínio por Thomas Edison, o célebre inventor, que vivera a poucos quarteirões do casa de New Jersey onde crescera.

Tudo no cientista o entusiasmara: a inteligência, a inventividade, a capacidade de criar negócios muito rentáveis. Por isso considerava-o muito superior a Sherlock Holmes, que fora o herói preferido desses tempos em que requisitava livros aos magotes na Biblioteca Pública local. Daí o deslumbre quando soube que o próprio pai trabalhara numa das empresas do empreendedor. Mas logo seguida da imensa deceção por saber que o emprego só durara um par de semanas, porque descobrindo a condição judaica do novo funcionário, o antissemita Edison logo o quis ver pelas costas.

Sobretudo na infância é-se, amiúde, confrontado com a evidência de existirem pés de barro nalguns dos heróis que são promovidos como admiráveis. Embora, ainda hoje, muitos adultos, continuem a comportar-se como crédulas e inocentes petizes!

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