sexta-feira, maio 27, 2022

Pialat, Serebrennikov, Tykwer e Desplechin

 

Amiúde tenho de dar informação a amigos mais curiosos sobre onde tenho acesso a alguns dos filmes que aqui vou abordando. Em boa parte a resposta é o canal franco-alemão Arte cuja ininterrupta proposta de bons filmes vai satisfazendo a inveterada cinefilia, mesmo com o senão de suportar a dobragem em francês de muitos filmes falados noutros idiomas.

Para os próximos dias alguns títulos merecerão essa atenção:

 Van Gogh, Maurice Pialat, 1991

Incide  na estadia do pintor em Auvers-sur-Oise a partir de 21 de maio de 1890 e depois de ter estado internado em Saint-Rémy-de-Provence. O doutor Gachet é o amigo e confidente, mas Marguerite, a filha, também o atrai o suficiente para a retratar.

Dirigindo um muito competente Jacques Dutronc, o realizador quis dar do artista uma imagem depurada de psicologia e de romantismo, apresentando-o distante da inventada caricatura de pintor miserável, louco e maldito. (dia 1/6, 19.55)

Leto, Kirill Serebrennikov, 2018

Assinado por um dissidente russo aborda a cena rock na Leninegrado dos anos 80, quando grupos como o Kino e o Zoopark rivalizavam entre si e os líderes disputavam a mesma mulher.

Mais do que o tema em si a fotografia a preto-e-branco, entrecortada de algumas sequências de animação a cores, será o que mais poderá interessar-nos. (30/5 às 21.20) 

Corre, Lola, Corre, Tom Tykwer, 1998

Manny, o namorado de Lola, perde cem mil marcos, que pertencem a um bandido, apostado em reaver-lhos, mesmo que da forma mais cruel. Razão para que se afirme pronto a assaltar um supermercado. Só que Lola pondera em três alternativas possíveis, todas explicitadas num ritmo frenético e com recurso a opções estéticas distintas:  o formato 35 mm para a ação principal, o vídeo para os secundários, o desenho animado para a introdução de cada uma das três histórias, o preto-e-branco para os flash backs, para além dos frequentes ralentis ou acelerações de imagem. Um regalo para o olhar se não nos incomodar a histeria techno punk. (1/6 às 00.20)

Um Conto de Natal, Arnaud Desplechin, 2008

Logo à partida há o casting, que inclui Catherine Deneuve, Mathieu Amalric, Melvil Poupaud, Chiara Mastroianni, Emmanuelle Devos ou Hippolyte Girardot. E depois há uma família reunida pelo Natal para aferir qual dos membros tem uma medula compatível para salvar a vida a Junon em quem se manifestou uma galopante leucemia. Mas entre esses filhos e netos reunidos na casa de Roubaix existe uma latente conflitualidade, que lembra uma trama shakespeareana entre o burlesco e o trágico. (site ArteKino)

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