Confesso ter começado a ver A Grande Escavação sem grandes expetativas mas, como entretenimento para a tarde de domingo, não me parecia que viesse a dar por completamente perdidas as duas horas, que quase dura.
Afinal, sem exagerados entusiasmos, até reconheço ter visto superadas as expetativas: a história de uma prospeção arqueológica no leste inglês com a Segunda Guerra quase a declarar-se e traduzida na descoberta de um túmulo merovíngio do séc. VII d.C., tem sugestões narrativas complementares que fundamentam o interesse com que a segui. Porque há uma viúva com um filho de sete ou oito anos, que sabe não conseguir educar por muito mais tempo, dada a precariedade do seu coração; há um arqueólogo autodidata, depreciado pelas sumidades académicas, mas com conhecimentos mais do que suficientes para as pôr no devido lugar; há um casal recentemente formado, mas onde a esposa descobre servir de cobertura social para a indisfarçável homossexualidade do marido. A isso somam-se inequívocas atrações afetivas, que nunca se chegam a concretizar em atos (caso do arqueólogo com a proprietária do terreno escavado) ou só avança, quando a rutura da primeira ligação oficial justifica a possibilidade de se viabilizar aquela que, até então, era apenas sugerida (a da dececionada esposa de um dos arqueólogos com o .jovem aviador mobilizado para a frente de combate)
O mais interessante nem é, porém, a história em si, mas a excelente fotografia, mesmo que, aqui e além a arriscar a associação ao vulgar postal. Quanto aos atores, quer Fiennes, quer Mulligan, fazem o que deles se espera, não havendo muito mais a acrescentar àquela que é uma very true story hoje documentada no British Museum através da exposição permanente dos achados encontrados nessa escavação de 1939, mas onde só muito recentemente figura o nome de Basil Brown como seu determinante descobridor. Porque as tais sumidades terão demorado demasiado tempo a reconhecer-lhe o efetivo valor.
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