sábado, fevereiro 06, 2021

(NM) Uma artista em evolução e um novo género cinematográfico a consolidar-se

 

1. Hilary Hahn já tem 41 anos! Quando a vimos na Gulbenkian em 2007 ainda tinha um aspeto muito jovem embora fosse inquestionável o empenhamento e talento com que interpretou peças de Janacek, Mozart e Beethoven. Aureolava-a a fama de antiga menina-prodígio, que iniciara o estudo do violino aos 4 anos, fizera primeiro espetáculo como solista na escola - o Instituto Peabody em Baltimore - aos 5, um concerto  com a prestigiada orquestra dessa mesma cidade aos 12 e, dois anos depois, a consagração televisiva com a Orquestra da Baviera liderada por Lorin Maazel.

Hoje, Paavo Jarvi diz dela o espanto de ter evoluído desse período infanto-juvenil para a maturidade de uma artista tão admirável. Em Hilary Hahn - Evolution of an Artist, o realizador Benedikt Mirow apresenta em forma de filme o resultado de a ter seguido durante quinze anos, documentando a consolidação dessa personalidade muito segura de si mesma e do seu valor. E podemos ouvir-lhe as razões para Bach continuar a ser o compositor que mais a sugestiona e motiva interpretar. Por ser-lhe um mundo mágico onde muito continua a descobrir.

2. No Festival Interfilm de Berlim, decorrido em novembro transato, apresentaram-se numerosas curtas metragens dedicadas a temas ecológicos, que justificam a possibilidade de, em breve, se afirmarem na forma de um novo género cinematográfico. De alguns dos filmes ai apresentados ficam gratas memórias: em Sad Beauty do neerlandês Arjan Baentjes uma rapariga angustia-se com as notícias quotidianas sobre o desaparecimento de tantas espécies, antecipando o dia de ser a humanidade a sofrer essa mesma extinção. Em Birth Place vê-se todo o plástico dos oceanos a aglutinarem-se num monstro, que acaba por engolir a espécie humana, demonstrando como esta foi capaz de criar as condições para o seu próprio fim. Yves Bex e Bart Bossaert criaram Dry Sea sobre um pescador apanhado por uma catástrofe natural, que deixa a seco o seu arrastão, que teima em não abandonar. Camille Tricaud e Franziska Unger criaram um falso spot publicitário  -Apocalypse Airlines - em que denunciam os efeitos da indústria aeronáutica na degradação do clima. E a melhor metáfora é a proposta por Christoph Hertel, que mostra como todos os aldeões de Klein-Reibach se afadigam na preparação da sua festa popular, negando-se a ouvir os alertas de um aterrado conterrâneo, que os avisa para a iminência da ameaça representada pela barragem ali ao lado, prestes a rebentar e a submergi-los. Depois do Dilúvio é uma boa metáfora sobre os negacionistas, apostados em manterem-se cegos ao perigo que não tardará a destrui-los!



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