sábado, agosto 10, 2019

(EdH) Humboldt nos 250 anos do seu nascimento


Há quem considere Alexander von Humboldt como o Einstein do seu tempo. E, de facto, «Cosmos», publicado em 1845, dava conta do seu conhecimento  profundo da Natureza, que tanto contribuíra para esclarecer e demonstrava o quão determinante fora e continuaria a ser para que a Ciência vencesse muitas das presunções erradas em que se baseara até então.
A viagem de 1799 à América Latina permitiu-lhe concluir algumas das descobertas, que o tornariam justamente conhecido. Chegando a Cumará, na Venezuela para ver o eclipse total do sol, não só cumpriria o objetivo como, maravilhado, assistiu a uma prodigiosa chuva de meteoros, as Leónidas. Prosseguiria depois um périplo que duraria três anos, o levaria a subir o Orenoco e a prosseguir viagem até Lima donde embarcaria para a Europa, não sem antes visitar os Estados Unidos, onde  foi triunfalmente recebido na Casa Branca, ainda em construção, por um Thomas Jefferson, bastante interessado em saber o que testemunhara na região entre a por si recentemente comprada Luisiana e o México.
A viagem encantou-o em muitos aspetos, mas também o sujeitou a febres, à fome e a acidentes, num dos quais quase se afogou. Mas não se deixava intimidar com os riscos da exploração: tentou alcançar a cratera do Cotopaxi, quando estava em erupção e arriscou a subida ao Chimborazo, a mais de seis mil metros de altitude, só o travando a falta de oxigénio, o equipamento rudimentar e uma crevasse, que o não deixou seguir por diante.
Impressionou-o o conhecimento dos índios, que lhe revelaram os segredos do fabrico do curare, e muito negativamente o tráfico de escravos, testemunhado numa praça de Quito e na fazenda que fora do recém-falecido  George Washington. Até ao fim da vida sempre condenou essa ignomínia, porque nem lhe passava pela cabeça que, independentemente, da cor ou do sítio onde vivessem, os homens não fossem iguais.
Mas o que foi tão significativo no que descobriu nesses três anos de experimentações quotidianas em plena natureza? Em primeiro lugar que a crosta terrestre não resultara da acumulação de sedimentos ao longo da História, mas dos sobressaltos nela vincados pelos fenómenos do vulcanismo. Que esses mesmos vulcões estavam ligados entre si, mormente os da Cintura do Pacífico, todos emergindo do mesmo efervescente magma. Que todos os fenómenos da Natureza se interligavam, constituindo a ação humana um fator perturbador, mas incapaz de os domar à sua vontade. E, corolário desta última conclusão, que as alterações climáticas eram, e viriam a ser, permanentes num planeta em contínua mudança.
Se durante quase mais de um século Humboldt foi quase esquecido, as décadas recentes só vêm realçando a importância do seu legado que, por exemplo, influenciou Charles Darwin para, a partir do que dele lera, decidir-se pela sua própria viagem e assim conceber a teoria sobre a Origem das Espécies.

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