segunda-feira, agosto 19, 2019

(DIM) Dois prémios importantes e o óbito de uma época


Duas notícias de sinal contrário interessaram os mais cinéfilos neste fim-de-semana. Por um lado a consagração de Pedro Costa no Festival de Locarno em que «Vitalina Varela» foi unanimemente reconhecido como o melhor filme a concurso e a protagonista como a melhor atriz.
Pessoalmente não sinto grandes afinidades com o tipo de filmes, que o realizador de «O Quarto de Vanda» costuma assinar, mas não há como negar-lhe o grande apuro estético na criação de cada fotograma, como se cada um deles pudesse emergir da sua continuidade cinematográfica e pudesse valer, em si mesmo, como um expressivo quadro onde o contraste entre as zonas de luz e as de sombras sobressaiam como valência primordial. Formalista em excesso, incomoda-me que faça esquecer o que subjaz às razões para as dificuldades por que passam os seus personagens.
Em sentido contrário tivemos a notícia da morte de Peter Fonda, que jamais esqueceremos no desempenho do Capitão América no filme que coassinou com Denis Hopper em 1969: «Easy Rider».
Embora apresentando farta filmografia nenhum outro título se compara em importância ao que lhe deu perene notoriedade. A sua morte serve-nos de confirmação quanto ao definitivo passamento de uma certa contracultura, que nos fez imaginar futuros psicadélicos depressa emurchecidos a exemplo das flores, que os hippies tanto gostavam de tomar por símbolos das suas ingénuas crenças.

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