domingo, setembro 09, 2018

(S) A primitiva fotografia norte-americana


Evelyn Cameron terá sido uma personalidade espantosa. É ela quem aparece na fotografia abaixo, já pouco denotando da inglesa sofisticada, nascida na burguesia londrina aparentada a um dos Lordes consagrados pelo primeiro-ministro Gladstone, e depois casada com um escocês nascido no castelo familiar.
Emigrados para a América na segunda metade do século XIX os Cameron iludiam-se com a possibilidade de alcançarem a fortuna, que se lhes revelava inacessível nas Ilhas Britânicas. Contudo, o projetado negócio de venda de cavalos selvagens aos nobres ingleses transformar-se-ia num rotundo fracasso e cumulá-los-ia de dívidas.
Obrigada a cuidar da horta e do galinheiro, que lhes ia permitindo sobreviver, Evelyn aprendeu fotografia e passou a fazê-la seu principal hobby, sem descurar as possibilidades de negócio, que tais imagens lhe viriam a propiciar. Viria, por isso, a ser uma das mais antigas cultoras dessa arte nos Estados Unidos, captando imagens dos novos colonos, como os da fotografia ao lado, acabados de assentar no seu pequeno acre de terra onde tinham construído a sua exígua cabana. E também se lhe devem as primeiras imagens publicitárias por conta de uma companhia ferroviária que, com elas, pretendia aliciar novos emigrantes a virem estabelecer-se naquelas planícies sem fim.
No seu livro, Raban apresenta Evelyn como o exemplo possível de captação desse ambiente monótono, que tanto o atrai quanto desafia...

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