quinta-feira, setembro 27, 2018

(DIM) “A Casa Junto ao Mar” de Robert Guédiguian (2017)


Trata-se de um dos filmes mais interessantes atualmente em exibição nas salas lisboetas e que conseguiu resistir o suficiente para, estreado há uma semana, ainda dar a oportunidade de ser visto pelo menos nesta que estamos a viver.
Novamente reunidos no restaurante junto mar, que o pai geria, três irmãos reencontram-se para recordar os encantos e as tragédias passadas, sem deixarem de se revelarem atentos por quanto se continua a passar, nomeadamente com os refugiados vindos do outro lado do horizonte, e tão mal recebidos por quem os deveria apoiar.
Há um comboio, que vai passando no viaduto quase por cima do pequeno bairro piscatório, ora para um lado, ora para o outro, lembrando que os ciclos de cada dia vão se repetindo incessantemente. Há amores que acabam, outros que se encetam - em ambos os casos com a diferença de idades a justificar uma e outra situação - e ainda os que duram toda uma vida e se concluem na partilha do definitivo desenlace.
Fica, igualmente, implícita a evidência de utopias, que se esgotaram, mas que nem por isso se pressupõem infundadas, nem que para tal se teimem com pessoas reais e no circunscrito espaço da casa.
É um filme, que começa com a lentidão da vida aparentemente estagnada e com alguns movimentos de câmara desconcertantes. Mas depressa nos ambientamos ao ritmo e sentimos que não pode ser outra a opção para desenvolver a narrativa.
Sobra ainda o facto de, a exemplo de quase todos os títulos de Guédiguian, reunir os atores e atrizes, que se têm sucedendo nos vários personagens que vem filmando: está lá Ariane Ascaride, com quem ele está casado há quarenta e três anos, mas também Jean-Pierre Darroussin e Gérard Meylan, que regressam muito novos (resgatados de filme de há várias décadas!) para nos recordarem o quão novos foram. E nós também!
 

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