domingo, setembro 09, 2018

(DL) A dificuldade de pintar as vastas planícies sem montanhas à vista


Segundo Jonathan Raban o grande desafio, que se colocava aos pintores paisagistas do século XIX, ao percorrerem as grandes extensões planas do Montana ou do Nebraska, era a de arranjarem pontos de referência sobre que trabalhassem a perspetiva.  Como captar uma paisagem uniforme, verde na sua extensão a perder de vista, sob um céu invariavelmente azul, sem nuvens?
Albert Bierstadt, um dos mais representativos dessa escola norte-americana novecentista, tentou superar a dificuldade, ora colocando em primeiro plano um búfalo ou a carroça de um agrimensor, ora pondo à distância alguma montanha, que servisse de contraponto à inexistência dessa horizontalidade dominante.
Conheço quem se sinta desconfortável na paisagem plana das lezírias ribatejanas, preferindo as ondulações, mesmo que suaves do Alentejo. Raban refere esse incómodo como inerente à sensação de espaço, que tende a diminuir-nos, a apequenar-nos dentro de um horizonte, que adivinhamos ainda mais vasto e onde a nossa dimensão equivale à dos insetos, que nele esvoaçam.

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