domingo, setembro 30, 2018

(DIM) Ingmar Bergman no centenário do seu nascimento (II)


No mês de outubro o Cineclube Gandaia associa-se às comemorações do centenário do nascimento de Ingmar Bergman, realizador sueco que nos ofereceu algumas das obras maiores do século vinte, tendo influenciado a forma e o conteúdo do que se filmou na sua segunda metade.
Nascido em Uppsala, em 14 de julho, numa família assaz rigorosa no cumprimento dos valores luteranos, descobriria a paixão pelo cinema aos doze anos, quando visitou os estúdios da Svensk Film Industri, perto de Estocolmo, embora já aí chegasse sob o deslumbramento da lanterna mágica com que brincara na infância.
Na Universidade secundarizou o estudo da Arte e da Literatura, em que se matriculara, para dedicar-se preferencialmente à montagem de peças de Shakespeare e de Strindberg, ao mesmo tempo que escrevia críticas nos jornais. Em breve já está a escrever as suas próprias peças. Uma delas, «A Morte de Polichinelo» será a primeira a ser levada ao palco, em 1942, em plena guerra, valendo-lhe a contratação como argumentista nos estúdios de cinema que visitara doze anos antes.
«Torment», realizado pelo mestre Alf Sjöberg em 1944, tem a sua assinatura no argumento, quando conciliava o emprego na indústria do cinema com a direção do Teatro Municipal de Helsingborg.
Em 1945 começa a realizar os próprios filmes, que constituem dolorosos falhanços comerciais: «Crise» (1945), «Chove sobre o nosso amor» (1946), «Um barco para a Índia» (1947), «Música na Noite» e «Porto» (ambos de 1948). Valem-lhe os êxitos de dois filmes de Gustav Molander - «Eva» e «A Vida começa agora» (1947) - de que assina os argumentos.
Em 1949 conhece novo fracasso com «A Sede», mas «Prisão», outro dos três filmes realizados no ano anterior, leva os críticos a elogiá-lo como até então não havia sucedido.
A década de cinquenta inicia-se com a criação de um conjunto de filmes de temática trágica, mas sem criar nos espectadores a permanente sensação de angustia associada aos anteriores: «Rumo à Felicidade» (1950), «Um Verão de Amor» (1951), «Segredos de Mulheres» (1952) e «Mónica e o Desejo» (1953). Ao mesmo tempo vão-se sucedendo encenações bem sucedidas no Teatro Municipal de Malmö.
Os filmes seguintes já merecem consenso da crítica sueca, mas sobretudo da internacional, com destaque para as então influentes revistas francesas dedicadas à sétima arte: «Noites de Circo» (1953), «Uma Lição de Amor» (1954), «Sonhos de Mulheres» (1955) e «Sorrisos de uma Noite de Verão» (1955). Mas são dois filmes de 1957 a consagrarem-no como um dos maiores cineastas de todos os tempos: «O Sétimo Selo» e «Morangos Silvestres».
O êxito parece desconcertá-lo, razão que justifica uma indefinição nos temas e estilos adotados nos títulos dos anos seguintes: há o realista «No Limiar da Vida» (1958), o expressionista «O Rosto» (1958), o maneirista e medieval «A Fonte da Virgem» (1959) e o teatral « O Olho do Diabo» (1960).
Destes primeiros quinze anos de Ingmar Bergman, enquanto realizador, abordaremos «Um Verão de Amor» e «O Sétimo Selo» nas sessões do Cineclube Gandaia nas duas primeiras quintas-feiras do mês de outubro. As outras duas serão dedicadas a filmes realizados no período já abrangido pelo próximo texto, a aqui publicar, sobre o seu percurso biográfico e filmográfico.

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