domingo, dezembro 08, 2019

Diário das Imagens em Movimento: Uma noite temática dedicada a John Wayne


Na noite deste domingo o canal franco-alemão ARTE vai dedicar o horário nobre a John Wayne, apresentando um documentário sobre p homem e o ator, depois de dar a ver, ou rever, um dos filmes do ciclo de cavalaria - «Os Dominadores». Infelizmente, apesar de haver essa possibilidade em França, os nossos canais de televisão por cabo insistem em excluir-nos da versão original com legendas em francês, passando a que é dobrada nessa língua, o que inviabiliza a devida apreciação da obra.
John Wayne, enquanto pessoa dissociada dos papéis, que Ford o pôs a interpretar, revelou-se um crápula. Tendo-se escusado ao alistamento para ir combater na Segunda Guerra Mundial, ao contrário de muitos dos seus colegas de Hollywood, achou-se no dever de, concluído o conflito, alinhar numa tal histeria patrioteira, que tornou-se num dos mais diligentes apaniguados do macartismo e, depois, num fanático defensor da agressão norte-americana ao Vietname. Faceta que o documentário não ilude, antes denuncia.
Mas como ator como esquecer a importância dos catorze filmes, que rodou com o seu mentor, que não evitava criticá-lo ou mesmo achincalhá-lo durante as suas rodagens?
Desses catorze filmes destacam-se oito westerns, o primeiro dos quais «A Cavalgada Heroica» (1939), que foi aquele em que, resgatando-o de um quase anónimo percurso enquanto ator de filmes de série B, Ford decidiu transformar-se no seu Pigmalião, quando ele já contava 32 anos.
Em 1948 rodaram juntos dois filmes  memoráveis - «Os Três Padrinhos» e «Forte Apache», encetando-se com este último o ciclo de três filmes a exaltarem a Cavalaria, que incluiria «Os Dominadores» (1949) e «Rio Grande» (1950).
«A Desaparecida» aconteceu no excelente ano de 1956 (haverá quem saiba porque assim o classifico!), antes de «Os Cavaleiros» (1959), «O Homem que Matou Liberty Valence» e «A Conquista do Oeste», ambos de 1962.
Ford entendeu ver nele a personificação do idealizado herói do Oeste, ao mesmo tempo com um gosto inequívoco pela independência, mas sem descurar os deveres para com a comunidade. Isso mesmo realça-se no filme escolhido para essa noite temática e que, acaso haja predisposição para cortar-lhe o som e apreciar apenas as imagens, podem-se ver os belíssimos enquadramentos de Monument Valley, que valeram ao filme o Óscar da Melhor Fotografia em 1950, e pressentir a exaltação da coragem, da justiça e da humanidade, muito embora fique igualmente subjacente a mensagem indiciadora de como a América era tão radiosa e invencível...

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