Se estivéssemos num país onde a Cultura fosse devidamente valorizada, os telejornais desta noite teriam aberto com a notícia e extratos da interpretação de Raquel Camarinha em duas árias de Bellini e de Puccini a concluírem o concerto de encerramento das Folles Journées de Nantes deste ano.
Tratou-se de mais uma justa consagração da soprano de Braga que, aos 32 anos, está a ganhar crescente reconhecimento nos palcos europeus, como se comprovou com o Prémio Revelação nas Victoires de la Musique Classique de 2017. Acresce ainda o facto de ser igualmente compositora, contando já com duas óperas na sua produção musical.
Hoje pudemos vê-la, primeiro em «Oh Quante Volte» da ópera «I Capuleti e i Montecchi», e depois na canónica «O mio babbino caro» da personagem Lauretta de «Gianni Schicchi», mostrando uma segurança e um lindíssimo timbre, que confirmam um talento quase clandestino entre nós.
Enquanto se mantiver na net, valerá a pena ir até à 1h15m do link e apreciar um desempenho, que está muitos furos acima do da mítica Callas (embora deva dizer que a diva nunca teve em mim um incondicional!). Mas quem tiver tempo poderá, igualmente, testemunhar excelentes interpretações dos jovens solistas russos, que antecederam a nossa compatriota, mormente um pianista muito jovem, Alexander Malofeev, de quem muito haveremos de ouvir falar. Acrescente-se ainda a competência da Orquestra Nacional do Tartaristão, comandada pelo maestro Alexander Sladkovsky.
Sem comentários:
Enviar um comentário