Quando se procuram razões para que Martin Luther King estivesse em Memphis no início de abril de 1968, sendo aí assassinado no dia 4, há uma que sobressai: a da luta desenvolvida, desde fevereiro, pelos trabalhadores da empresa municipal de recolha do lixo, reivindicando melhores salários e condições para o exercício dessa profissão. Mormente o respeito, que lhes era devido, porque foi dessa luta que emergiu o slogan «I am a man», que respondia ao hábito racista no Tennessee, e em geral do sul dos EUA, de os negros serem tratados por «boys» como reminiscência dos tempos em que assim eram invetivados pelos donos de escravos.
O crescimento de Memphis muito decorrera desses antigos escravos negros que, libertos da sua ignóbil condição, quiseram afastar-se o mais possível das plantações de algodão, onde tanto haviam sofrido, optando por viver nas cidades na expetativa de aí se proletarizarem. Não se livravam das leis de segregação racial, que os ex-esclavagistas instituiriam em contrarresposta à sua derrota na Guerra da Secessão, mas encetavam, desde logo, a criação da massa crítica bastante para, já nos anos sessenta do século XX, levarem por diante a bem sucedida campanha pelo reconhecimento dos seus Direitos Cívicos. Mesmo tendo por custo a morte do seu mais importante líder político.
Ciente da importância desse momento histórico a cidade tem no motel Lorraine, e particularmente no quarto 306, ocupado por Luther King na altura da sua morte, o seu mais importante núcleo museológico. A exemplo de muitos espaços, onde viveram tantos intelectuais e personalidades políticas de várias geografias, esse espaço é mantido tal qual estava no dia em que o ilustre ocupante ali conheceu o fim do seu meteórico percurso político.
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