Há uma dezena de anos, quando a minha filha acabava de se instalar em Londres, previ que as futuras deslocações às terras de Sua Majestade possibilitariam surtidas fora da capital para conhecer outras regiões, que não a de Warwick, onde, nos finais dos anos oitenta estivera por razões profissionais. Tanto bastou para me chamar a atenção um livro de Bill Bryson sobre os seus passeios pela Cornualha, descoberta sem recurso a outros meios de transporte, que não os autocarros de passageiros, os comboios ou os próprios pés.
Preferindo as pequenas aldeias aos grandes aglomerados urbanos, ele partilhava descobertas e reflexões com o leitor, estimulado a imaginar-se nessas mesmas deambulações.
Voltei a encontrar referência ao escritor no filme que Ken Kwapis rodou em 2015 intitulado «Por Aqui e por Ali», que tinha por interesse maior as interpretações de Robert Redford e de Nick Nolte. Ambos assumem os papéis de dois sexagenários apostados em percorrerem os 3500 quilómetros do Trilho dos Apalaches, apesar de todos à volta os tentarem dissuadir do que lhes parece esforço suicida.
Tal qual se passara com o romance preteritamente lido, tão só esgotada a boa ideia inicial, o enfado foi crescendo com as sucessivas vicissitudes exploradas unicamente para alcançar duração, que justificasse a condição de longa-metragem. Embora seja de enaltecer o facto de, nem Redford, nem Nolte, adotarem a postura de canastrões, que as circunstâncias potenciariam, dificilmente poderiam fazer mais para aguentar um argumento demasiado pobre para sustentabilizar a atenção.
É claro que os dois aventureiros nem a meio chegam, o que acaba por ser o mais interessante no filme: estamos tão habituados a finais felizes, que um projeto frustrado nos confronta com a estranheza de termos passado hora e meia perante uma narrativa previsível, terminada afinal sem o dramatismo, que pudesse justificar a singela desistência dos protagonistas.
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