Além de notável cientista, Richard Feynman foi excelente pedagogo, conhecido por dizer aos alunos de pouco valer o quanto sabiam da teoria da relatividade ou da mecânica quântica se não as soubessem explicar às respetivas avós analfabetas. Se elas ficassem sem perceber o que os netos lhe dissessem a tal respeito era porque estes nada tinham percebido do que tanto julgavam saber.
Se essa boutade é um grande clássico de Feynman, ele tem muitas outras, das quais vale a pena resgatar outra: “pouco importa que a vossa teoria seja bela, que vocês sejam inteligentes ou célebres. Se ela não coincidir com os resultados da experiência é falsa. Ponto final!”
Surgida na década entre 1925 e 1935, a física quântica assumiu-se como uma nova forma de olhar para a realidade tangível, procurando uma explicação consistente para o comportamento bizarro dos átomos e das partículas. Nesse período inventaram-se conceitos totalmente novos, que deram da matéria e suas interações outras perspetivas.
Essa década de efervescência criativa resultou numa das mais belas construções intelectuais alguma vez imaginadas pelo génio humano. Só que, quase um século passado desde então, a física quântica, com as suas estranhas equações, continua a ser vista como abstrata e contraintuitiva, paradoxal e quase incompreensível. No meio científico discute-se como tais conceitos podem ser validados por experiências incontestáveis e que regras devem ser, nesse caso, satisfeitas.
Foi para sugerir algumas respostas, que Julien Bobroff, professor da Universidade Paris-Sud, reorientou os seus trabalhos das subtilezas do magnetismo e da supercondutividade, em que se vinha especializando, para, com a sua equipa, construir uma dezena de experiências, descrevendo-as e apresentando resultados concretos dessa tradução concreta das equações quânticas num livro de divulgação intitulado «Mon Grand Mécano Quantique». A exemplo do grande mestre norte-americano, que lhe serve de referência, Bobroff procura tornar fácil o que, á partida, era tido como inacessível á compreensão dos vulgares humanos...
Sem comentários:
Enviar um comentário