Não é Stephen King quem quer! É o que se depreende de «O Homem das Sombras», thriller de Phoebe Locke, que tem por tema a lenda do Tall Man ou Slender Man, um mito urbano criado na net e com consequências trágicas na vida real. De facto, em 2014 duas miúdas norte-americanas de doze anos esfaquearam por dezanove vezes uma colega de turma como forma de impressionarem esse ser maléfico de quem queriam garantir proteção. No ano transato elas foram julgadas e condenadas a acompanhamento psiquiátrico, com confinamento obrigatório durante os próximos quarenta anos.
Foi ao conhecer o caso, e ao recordar as imagens televisivas de Amanda Knox, que fora acusada de ter sido cúmplice da morte de uma amiga em Itália, que a escritora Nicci Cloke decidiu levar por diante um romance, diferente dos que até então escrevera, e para o qual recorreria a novo pseudónimo. Imaginou então um ação dividida em três épocas distintas - 1990, 2000 e 2018 - mas com maior incidência na data mais recente por ser aquela em que se prepara um documentário sobre uma adolescente, Amber, envolvida num monstruoso homicídio. Descobrir-se-á, assim, a influência nefasta da mãe, que a fizera nascer dezoito anos atrás e logo a abandonara. Quando decidira reaparecer-lhe fora para lhe agravar o caos em que já evoluía a sua maturação. Porque fá-la acreditar no encontro tido, com mais duas amigas, quando era adolescente e se tinham aventurado na floresta, encontrando um homem estranho, dotado de poderes que tanto as impressionara.
O problema é que, se nos romances de King tudo é suficientemente estruturado para o leitor nem se perder, nem se entediar, o mesmo não sucede com a sua confessa discípula. Manifestamente não é por se ler assiduamente as obras do mestre, que se lhe adquirem as competências. Ainda assim o romance suscita interesse por abordar um tema de inegável atualidade: como evitar que jovens facilmente influenciáveis se deixem atrair pelo que de mais maligno decorre das redes sociais. A panaceia ainda não foi encontrada.
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