Sem deixar de ser o amor à sabedoria, a Filosofia combate, igualmente, na rua. Aliás, foi nela que começou, porque nasceu e cresceu na Ágora grega. Mas o amor à sabedoria tem outra vertente: a de se pretender conquistar o que não se tem e muito se deseja. Ora, Raphaël Enthoven - que acaba de publicar «Nouvelles morales provisoires» - esclarece que os filósofos não são sábios, mas homens dotados da sabedoria de se saberem mais loucos que os outros. Por isso causa engulhos em muitos bem-pensantes ao reconhecer nos coletes amarelos os herdeiros de uma tradição muito antiga de rejeição, que - lá está! - nos devolve aos antigos gregos. Porque já data de então a circunstância de se reunirem pessoas com ideias muito diferentes, mas capazes de congregarem esforços sob a égide de um inimigo comum. É a capacidade dessa rejeição em torno de, tal qual definia Camus, “dizerem não, antes de dizerem sim”, que fascina no atual momento, sabendo-se que muito penarão para virem a definir um projeto alternativo ao que rejeitam.
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