quinta-feira, fevereiro 09, 2017

(DIM) «As Praias de Agnès», hoje à noite no Cineclube Gandaia

Quinta-feira, dia 10, pelas 21 horas, projeta-se no Cinema Impala da Costa da Caparica o segundo dos filmes consagrados ao ciclo de «Cinema Francês». Depois das canções de amor de Christophe Honoré vamos visitar as riquíssimas memórias da cineasta Agnés Varda, que olha para trás com muita graça e generosidade. Trata-se de uma pérola, que decerto encantará quem sair das suas tamanquinhas e desafiar o frio e a chuva para a conhecer.  Menos de duas horas depois ter-se-á sentido decerto enriquecido…

Só daqui a vinte anos chegarei à idade que tinha Agnès Varda, quando rodou o filme-balanço de toda a sua longa vida criativa. E quem me dera vir a ter nesses provectos oitenta anos a sua jovialidade, energia, inteligência e talento.
Neste testamento ela regressa às praias, que marcaram todo o seu passado, aqui retratado na forma de autodocumentário em que se coloca em cena no meio de inúmeros extratos dos filmes, de fotografias ou de reportagens.
Sempre no registo humorístico, que não diminui a forte emoção deste puzzle-inventário, evoca os primeiros passos dados como fotógrafa no Festival d’Avignon onde conheceu Jean Vilar ou Gérard Phillipe. Segue-se a passagem à realização ainda nos anos 50, o encontro com Jacques Demy, a militância feminista, as viagens à China, a Cuba ou a Hollywood,  o papel de produtora independente, a vida familiar e o constante amor pelas praias. Conhecemos assim uma mulher livre e incorrigivelmente curiosa por tudo quanto a rodeia.
Além dos testemunhos sobre brilhantes criadores que conheceu - Delphine Seyrig, Alexander Calder, Jean Luc Godard, Harrison Ford ou Jim Morrison -, é aquele que foi seu marido durante 28 anos, entre 1962 e 1990 quem cuia de evocar com maior ternura. A ele já dedicara um filme, que constituíra autêntica carta de amor em forma de filme («Jacquot de Nantes», em 1991) e aqui reitera-a como expressão de uma saudade janais mitigada.
Hoje com 88 anos, Agnés parece definitivamente afastada de novos projetos. O que é pena, porque a sua filmografia  testemunha a irreverência e a vontade de melhorar o mundo em que vivemos, e que sempre a acompanharam.


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