Em 11 de março de 2011 um dos reatores da central nuclear de Fukushima explodiu na sequência de um terramoto, seguido de um tsunami.
Segundo o relato dos técnicos, que estavam na sala de controle na altura dos acontecimentos, ocorrera um black out, logo seguido de outro, que interrompeu a bombagem de água para arrefecimento do reator. Sobreaquecido para além do admissível ele provocaria a violenta explosão de hidrogénio.
Procuram-se, então, respostas para algumas questões técnicas: como foi possível acontecer um tal corte de energia no reator já depois do tsunami se ter verificado? Em que medida os trabalhadores da central tiveram a informação atempada dos danos causados na instalação? Até que ponto estavam preparados para corresponder a tal emergência? Terá sido inevitável a decisão dos responsáveis da central em deixarem libertar para a atmosfera a nuvem de vapor radioativo?
Para responder a tais questões o canal japonês NHK reuniu os testemunhos dos engenheiros que estavam de serviço nesse dia e reconstituiu alguns dos acontecimentos para demonstrar como era deficiente o sistema de segurança de todo o complexo, insuficiente o nível de preparação das suas equipas e vulnerável muitos dos seus sistemas e equipamentos.
Resultou dessa investigação o documentário «Fukushima, Crónica de um Desastre», de cuja realização se encarregaram Steve Burns e Akio Suzuki.
Contemporânea dessa rodagem terá sido a de Kenichi Watanabe para a Kami Productions e de que resultaria o documentário «O Mundo depois de Fukushima». O objetivo é encontrar a resposta para esta questão fundamental: como muda a vida das pessoas depois de uma catástrofe nuclear?
A equipa de filmagens regressou a Fukushima cerca de um ano depois da explosão da central para constatar a precariedade das medidas tomadas pelos seus habitantes para minimizarem os efeitos da radiação ainda latente, uma espécie de monstro invisível, que procuram conter com a colocação de garrafas de água alinhadas às janelas. Como se constituíssem filtro credível….
A determinação da maioria do entrevistados é a de prosseguirem com as suas vidas rotineiras de agricultores ou de pescadores, embora indignados com a arrogância criminosa de quem sempre lhes subestimara os riscos de viverem portas meias com uma tão ameaçadora bomba. Agora não escamoteiam o ódio por essa unidade industrial, que lhes ameaça a saúde dos filhos e deles próprios. Ou mesmo das gerações do futuro, razão porque uma das entrevistadas, uma senhora já de alguma idade, pedira às filhas, que não engravidassem pelos riscos de malformações e outras debilidades internas com que viessem essas crianças.
Numa altura em que temos bem presente a ameaça, bem próxima, da central de Almaraz, ter em conta estes documentários faz todo o sentido.
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