É um dos mais belos documentários do ano transato, o que aqui se propõe: o da expedição científica Wild-Touch Antarctida, que contou com a participação dos fotógrafos naturalistas Vincent Munier e Laurent Ballesta.
O primeiro nunca visitara a Terra de Adélia e sempre preferira trabalhar sozinho, mesmo quando se deslocara ao Ártico. Com o convite do Instituto Polar Francês teve de se reformatar para aceitar a dependência do apoio logístico de outrem.
Ballesta já là estivera mas não conseguira fotografar a beleza da biodiversidade dos fundos marinhos. O convite para a expedição permitiu-lhe mergulhar a 70 metros de profundidade em vez dos 20 habituais. As mais de mil imagens captadas, além do apuro estético tinham garantido o valor científico pela novidade de nelas surgirem algumas espécies até então insuspeitas de ali viverem.
Outro dos desafios enfrentados por Munier teve a ver com a impossibilidade de cumprir uma das regras fundamentais da fotografia da natureza: estar imóvel durante longos períodos, algo impossível de respeitar a –20ºC, a temperatura em que trabalhou na primavera antártica. Mexer-se constantemente e acautelar-se com medicamentos destinados a fluidificarem-lhe o sangue foram necessidades que teve de cumprir.
Debaixo de água, a –2ºC, Ballesta tinha outra dificuldade: a adaptação aos fato especial concebido de propósito para a missão, dotado de resistências elétricas que lhe garantissem aquecimento suficiente para prolongadas sessões de mergulho.
O filme denuncia as consequências nefastas que, mesmo à distância, a Antártica sofre devido às atividades do ser humano. Se esteve preservado durante muito tempo, até pelo tratado internacional, que o reconheceu como zona protegida, o grande continente gelado com cerca de 13 milhões de quilómetros quadrados, dá hoje mostras de inquietantes sinais de stress na biodiversidade e ciclo do gelo.
Acompanhando os cientistas da estação Dumond d’Urville e os fotógrafos por eles convidados, a equipa do documentarista Jêrome Bouvier interpela a fragilidade do universo polar, que está em acelerada mutação. Tendo por atores principais os pinguins, que tentam adaptar-se o melhor possível a essa realidade.
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